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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Uma amizade inesperada

Era a primeira vez que tomava aquele caminho. Como era a primeira vez, minha mente estava destinada a perceber pequenos detalhes - que só quem cruza um caminho pela primeira vez perceberia.

Sentia uma formiga subindo pela ponta do dedão do pé esquerdo e me perguntava por que raios um inseto que vive em comunidade andaria solitário por vales desconhecidos. Formiga depressiva caminhando sozinha por entre os pêlos de minha perna, eu sentia a sua solidão. Eu sentia e achava engraçado. A estranheza de ser ponte não era massiva, no entanto ela se alojava dentro de mim sempre quando as patas do inseto se movimentavam. Talvez eu seja o último caminho a ser percorrido por aquele ser, talvez eu seja o último. Aquilo era mesmo um pensamento estranho, tão estranho como anunciar a morte ou despedir-se.
Imaginei pequenos dedos tocando meus dedos à espera de um beliscão que me acordasse daquele transe; por isso mesmo aceitei a formiga, enquanto caminhava pela rua a procura de algo.
Olhei o céu e compreendi que as luzes bruxuleavam e o tempo passava — É noite... hora das andorinhas dormirem - , disse um de meus self’s — E dos morcegos fazerem a festa - completou outro. Tirei os chinelos para que o casco do pé sentisse o chão cheio de britas e cacos de vidro. A cidade apagada e eu ali desperto, moendo e sovando o que alguns chamariam de tédio. Imaginei um boneco ou um homem ensaiando um monólogo ou escrevendo um auto — Talvez você seja a única a me fazer companhia hoje – disse para a formiga, que agora se encontrava quase alcançando o meu peito. Esperei a amizade cansar. A ferroada exposta serviu de aviso pra terminar tudo.
Era uma vez uma amiga...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mas esse cara tem a língua solta....

O meu poema ele musicou:

A Dança

Hoje eu vou dançar num campo minado
E me asegurar de que tudo esteja armado
Pra me ver passar um sufoco danado
Quem sabe vou pisar numa mina de fogo
E consumir minha'alma num lança de dado
Talvez eu caia em um poço de lodo
Ou me salve com um simples passo irado
Inventando um "step" anti-agouro
Me tornando o Rei do Gingado
A dança.. é minha dança

( Athila Goyaz, Fúlvio Stéfano)

Stéfano,
Obrigado pelo carinho e amizade sincera!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

O gênio e o escaravelho

Certa vez uma lâmpada apareceu na varanda de Dona Sinhá, onde Maria, a empregada, varria o chão. A lâmpada estava tão suja que podia ser confundida com um bloco de areia. Maria varria a varanda, recolhia toda a sujeira e a jogava pelo céu como costume. O prédio de D. Sinhá tinha 144 andares e Maria limpava a varanda da cobertura - recebia por isso um acréscimo no salário por correr risco físico.
A lâmpada estava intacta, por dentro tinha um brilho jamais visto por qualquer humano. O brilho corria dentro da lâmpada e alcançava uma fenda para o meio externo formando um pequeno feixe de luz perceptível aos olhos de um escaravelho.
Tut era um escaravelho comum que vivia na cobertura daquele edifício simplesmente pela presença de uma mesa de jantar. D. Sinhá mal sabia que aquela mesa era rica em seiva, alimento precioso para Tut.
Acomodou-se e construiu família, afinal onde comem um comem cem. A família de Tut era numerosa, mas isso não é um fato tão importante sendo que essa história não será percebida pelos familiares do escaravelho.
Tut acordou cedo a procura de comida, avistou uma luz poderosa que,de início, cegou seus 4 olhos. Foi-se aproximando daquela claridade angelical quando de repente foi arrastado pela vassoura. Tentou se levantar e ir de encontro a luz mas foi pisoteado pelo chinelo da empregada. Viu a luz enfim.
Bigade, seu quadragésimo quarto filho,felizmente não viu seu pai sendo morto, mas foi segurando uma espécie de bola de luz suprema que o rumo de sua história de inseto mudou. A bola se quebrou e à frente de Bigade e aos olhos de Maria apareceu um enorme gênio.
_ Quem ousa perturbar meu sono eterno?
Maria ficou assustada com tamanha aparição que deu um pulo da varanda e caiu na cama, desmaiou.
_ Eu, respondeu Bigade... eu a sua luz e recebi o chamado. O que tens pra me dizer?
_ És escaravelho de sorte. Por anos não atendo pedidos de seres tão ínfimos,meus últimos 3 pedidos foram para humanos cheios de ganância e luxúria. O que você, inseto,jamais poderia entender. Mas adianto que você tem 3 desejos e eu posso realizá-los.
_ Bom, sabe como é viver em meio a família numerosa. Bom eu quero uma mesa de seiva só pra mim e minha Judith, assim podemos construir nosso império longe dos meus irmãos sugadores de seiva e de Tut.
_ Tut está morto, reformule seu pedido.
_ Meu pai morreu?
_ Foi pisoteado minutos antes de você me descobrir. A mesma luz que te abriu as portas matou seu pai. Já passei por mãos de pessoas que quiseram a morte de outras e sei quantos seres já se mataram para tentar meus desejos. Sou o realizador dos mais profundos desejos , faça seu pedido e serás concedido!
_Se você causa tantos problemas quero que você volte de onde veio.
_Desejo atendido. E o gênio voltou para a lâmpada.
Maria acordou assustada,pensou que tivesse visto um mostro mas percebeu que era sua imaginação pregando uma peça. Varreu a varanda, atirando a lâmpada e Bigade pelo edifício.
Bigade agiu por instinto e colocou suas asas para voo. Já a lâmpada foi estilhaçada e o gênio foi liberto.
O ex-gênio olhou para o céu e agradeceu aos deuses supremos pelo desejo. Num gesto sublime um enorme escaravelho de crosta preta pousou em sua mão. Assustado o homem matou o inseto, lavou as mãos nas vestes e caminhou pela avenida até sumir em outra esquina.

domingo, 9 de janeiro de 2011

DR matinal

Olá Blogger, Como está você?
Eu precisava desabafar sabe... adoro a sua Interface, mas sou tímido para elogiar assim de vista um programa tão acessível e dinâmico, por isso deixo apenas um registro de como tenho passado meus assuntos para vocês queridos leitores. Mas preciso falar um pouco de como fazer pra depois não dizer que eu tenho errado o meu público, paciência a todos os infantes que acessam, mas meu público central são os sociazadores desse país ( Lê-se "gente boa")
Fonte Arial tá bom?
_Bom gente eu tenho uma confissão a fazer:
Tava em Manguinhos surfando quando me veio aquela onda. Sabe aquela onda que dá pra fazer uns 3' em pé?
_Tsunami brother, TSUNAMI! - repara-se nesse instante nos olhos do amigo: eles se apresentavam vermelhos, com dilatação desacompanhada, isto é, falta de acuidade visual, tendo uma aparência meio "sem rumo".
_ Enorme... E você quando vai parar de saracutear a sua madrinha?
_ Tem alguma coisa melhor pra me oferecer?
_ Você só se basta com gentalha, você acha que eu sou pouco, que minha conta é conjunta, que meus medos são os mesmos que os seus, que quando a gente estava junto era moda e agora quer fugir?
( Nesse momento no rádio toca Run, baby, run, da Sheryl Crow e na hora do "So" os dedos dele tocam a face de um anjo machucado)
_ Por que você me deixou?
_ Eu sempre estive na sua e agora você me pedi explicações?

E depois daquele dia Word chorou e nunca mais ouviu os barulhos dos meus dedos difíceis.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Historinha do Boitatá

Macunaíma, filho de Andrade, frequentava sempre a loja de Quixote, filho de Cervantes. Quixote era alto, com um nariz fungiforme de 0,5 nm, apresentava edema de glote, porém se comunicava sem menores problemas graças a um curso intensivo de Perito Forense cedido pela Pontifícia Universidade Do Pica-pau Amarelo sediada em Ambapuá, sul da floresta Odiozônica. Proprietário de uma loja de alimentos liofilizados frequentada por usineiros da cidade vizinha, Quixote não poupava assuntos a Macunaíma quando este, por barbárie, aparecia em seu destino:

_ E aí Macú, como você está hoje?

_ Fala Kichute, estou muito bem e você?

Conversa vai, conversa vem...

_Lembra da sua tia? - Perguntou Macunaíma.

_ Qual delas? - Respondeu perguntando Quixote.

_ Aquela que te deu bom dia - Afirmou rimando Macunaíma.

_ Lembro, o que tem ela? - Respondeu perguntando Quixote.

_ Ela não estava em um bom dia - Afirmou Macunaíma.
(...)



#brinks

Provável estilhaço


Dentro do espelho
Posso ser quem quiser
E esquecer de quem sou
Posso ver o que vês
E saber o que queres
Estou do outro lado
Onde tudo é inverso
Você não me enxerga
Eu não te alcanço
Você se cansa
E eu me quebro

Imagem : L.F