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quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Banho de mar

Assistia pela décima vez o filme que lhe dava força. Tomava coragem pra sair de casa e enfrentar a fúria dos passarinhos de rua. Sabia que não ia levar nenhuma bicada, mas aquele grito protetor o deixava muitas vezes impedido de sair.“Enfim saí dessa gaiola”, disse em pensamento.

Percorria a orla de bicicleta admirando o mar. Não estava mais revolto como ele tinha visto pela última vez há meses atrás. Por fim, sentado sobre a areia fina .O Sol queimava sua pele que não ardia por ajuda de uma leve brisa. Não via rostos familiares, nem queria. Deixava muitos deles num universo que ele tinha esquecido.

Não era o único a adotar aquela prática. Senhoras e seus cães, casais, ambulantes, crianças, bolas, picolés e tantos outros itens. Um quadro de tranqüilidade que o atormentava.
Percebia o quanto era tóxico. Cheirava mal por estar trancado. E desafiava a sua realidade ao tirar a blusa para entrar no mar. Não se importava se era salgado demais ou se o frio ia se abater quando saísse dali. “Quero lavar essa alma” disse.

Voltava pra casa aliviado e livre das idéias de podar aquela árvore. Enquanto abria o portão procurava os pássaros. “Devem estar alimentando seus filhotes” pensou.