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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Credo Urbano

Credo Urbano

Acordou com raiva
Tomou café gelado
Comeu pão dormido, saiu
Beijou o mendigo
Entrou no prédio
Quebrou o cartão
Abraçou a recepcionista
Subiu as escadas
Cumprimentou o lixeiro
Dizendo “bom dia”
Adentrou pelos fundos
Fez amor com a secretária
Redigiu cem petições
Tomou café amargo
Dobrou o expediente, saiu
Foi jantar no chinês
E comeu três pastéis
Dizendo “arigatô”, saiu
Ajudou velha cega
A atravessar a rua
E xingou o motoboy
Que cortava o sinal
Deu vexame no trânsito
Acabou com o olho roxo
Deu risada do mouco
Que ria da ocasião
Voltou ao prédio
Explicou à recepcionista
Toda sua situação
Na qual ela já sabia
Entregou novo cartão
Foi de elevador, saiu
Deu de cara com o patrão
Sorriu dizendo “oi”
E apresentou a petição
Conversou com os empregados
Explicou a conjuntura
Demitiu um “baderneiro”
Contratou o seu cunhado
Anotou, pois era jura
Bateu o cartão, saiu
Avistou moça chorando
Afagou por um minuto
Aconselhou ao psicólogo
Pegou ônibus lotado
Verificou sua bolsa
Desceu do veículo irritado
Esquecera seu charuto
Fumou maço de cigarros
Foi pro lar injuriado, cansou
Teve queda de pressão
Bebeu água e desmaiou
Despertou todo suado
Consultou data médica
Anotou na sua agenda
Confirmou o horário, dormiu.

"Sancionação"

Não é estado
Não é cidade
Não é estágio
Não é emprego
Não é utilidade
Não é infelicidade
Não é finalidade
Não é sossego
Não é miragem
Não é viagem
Não é começo
Não é oásis
Não é deserto
Não é anseio
Não é despeito
Não é suspeito
Não é direito
Não é juízo
Não é aviso
Não é sujeito
Não é pessoa
Não é pronome
Não é nome
Não é surpresa
Não veio à toa
Não é utópico
Não é biótico
Não é virótico
Não é metade
Não é ditame
Não é meiose
Não é inteiro
Não é matéria
Não é difame
Não é nascido
Não é vivo
Não é o eu
Não é você
Não é real
Apenas É.

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Repetitivo

Não sou Barroso
Não sou Aroldo
Não sou bacaca
Não sou ninguém
Nem responsável pelo nada

Nunca fui santo
“Te amo tanto”
Que vivo cego
Repulso

Não sou seu homem
Não senso algum
Não dito regra
Não taro idéia
Eu sou nenhum

Nunca aguardo
“Te quero tanto”
Que sempre espero
Regresso

Não sou modelo
Não sou bonito
Não sou sincero
Repito
Eu te odeio
Eu te odeio
Eu te odeio
...