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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Lógica do poder

Tome o café que fica em cima da televisão
Será que o pé da rima combina com o meu dedão?
E uma camada fina de pó no quarto limpa o chão
Tire a lancheira do armário e rasgue o dicionário
Veja se são 2 horas e mude a data do calendário
E já com os pés no chão descalços comece a querer
Esqueça as pedras, pois um salto de asas vai acontecer
Nos vidros desse muro falso existe o pássaro em você
E voe pleno em plano alto, alado por merecer
Sorria, o verdadeiro é falso aqui na lógica do poder

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Trinca


Comigo não se brinca
Antes de arremessar o dado
(Não importa)
Com um sorriso largo
Esconda a sua trinca
E inclua do seu lado
(A minha derrota)
Apele mas não minta
O leve amargo
(É vitória)

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

No Fio da Fé


A entidade retrucou
Que você seria meu
A cigana disse
Que não sabia de nada
O soberano por ora
Nenhum sinal mandou
“E é da sua idade” confirma a entidade
“A sua mão não me engana” informa a cigana
“Confia no Senhor de todo o teu coração” Provérbios 3 5-6

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Banho de mar

Assistia pela décima vez o filme que lhe dava força. Tomava coragem pra sair de casa e enfrentar a fúria dos passarinhos de rua. Sabia que não ia levar nenhuma bicada, mas aquele grito protetor o deixava muitas vezes impedido de sair.“Enfim saí dessa gaiola”, disse em pensamento.

Percorria a orla de bicicleta admirando o mar. Não estava mais revolto como ele tinha visto pela última vez há meses atrás. Por fim, sentado sobre a areia fina .O Sol queimava sua pele que não ardia por ajuda de uma leve brisa. Não via rostos familiares, nem queria. Deixava muitos deles num universo que ele tinha esquecido.

Não era o único a adotar aquela prática. Senhoras e seus cães, casais, ambulantes, crianças, bolas, picolés e tantos outros itens. Um quadro de tranqüilidade que o atormentava.
Percebia o quanto era tóxico. Cheirava mal por estar trancado. E desafiava a sua realidade ao tirar a blusa para entrar no mar. Não se importava se era salgado demais ou se o frio ia se abater quando saísse dali. “Quero lavar essa alma” disse.

Voltava pra casa aliviado e livre das idéias de podar aquela árvore. Enquanto abria o portão procurava os pássaros. “Devem estar alimentando seus filhotes” pensou.

domingo, 2 de agosto de 2009

Catalepsia


Nada demais acontece
Já não resolve uma prece
Pois sou aquele discrente
Sou o escuro que sente
Sou o notável que entrega
Sou o momento que passa
Sou o olhar que se nega
Em enxergar o meu passo
E na estrada da vida
Curvas mil correria
Só pra não ser enterrado
Viver em selo enlatado
E morrer em catalepsia