Marcadores

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Geração baba de animais

O cão passeando com a dona. O cão procura lugares para demarcar espaço com seus líquidos e sólidos fisiológicos, o cão pensa como cão e por isso fenece ao lado da dona que como dona floresce em pensamento:

'Estamos no caminho, inteiros, acorrentados, bufando para o dono do crédito soltar o cordão umbilical que nos une a um só pedestre de calçada estreita, enquanto eu troco de braço sua coleira, você parece não se importar com minha comodidade, mesmo sendo meu melhor amigo. Por isso mesmo nos esbarramos e dividimos nossas sarnas. Do ponto de taxi à rodoviária, nunca se sabe o que o motorista andou tomando na noite anterior, e só se sabe do cão interno que vive dentro de seu táxi, afunilando as saias das senhoras; e da sua viajem, a do táxi - viajem que só se nota a proeza dos projetos trabalhistas de arrecadar verdinhas.

Intui que ela – a geração Y, motorizada - mostre-se importante e necessária; por isso, como exemplo, os motoristas desta classe não são assalariados por sofrerem graves acidentes, muitos destes pensam que a vida é um jogo, e procuram receber fichas como num póquer, muito mal pagos por sinal. Enquanto seguro minhas rédeas e afrouxo um pouco a corda do cachorro para dar vazão a fauna urbana paramos em frente a uma esquina.

O fato de a esquina estar esburacada não delimita minhas habilidades sincronistas de geração X , nem deixa de lado a minha característica como mulher que sufoca o peito dos assalariados todos os dias na estrada do motel estrada; ah, os bêbados... onde estão suas mulheres se não na cozinha ou até mesmo no vizinho.

Não se sabe o destino final para minha profissão – a do lar -,mas o fato de carregar um cachorro faminto pela liberdade é importante para o seu dono, meu marido. Acredito na aposentadoria das classes e no aumento da verba para as classes mais significativas, a tudo isso concluo de olho no corrimão do elevador e no ouvido aguçado da estação de rádio Ipanema.

E assim somos, por mais simbolistas de araque, somos almas gêmeas geracionais subindo níveis. Da maneira que vier na conta corrente, com saldo premiado no contracheque, liquidamos todos, e sabemos que o licor é mais caro que qualquer Wisky paraguaio. Mas mesmo miúdos e anabólicos, somos uma banda numa bomba de bumbos composta por barítonos e tenores afagados pelo desabrochar das flores vermelhas; tortuosas flores que me causam psoríase psicológica e fadiga craniana.

O cão não se aquieta ao chegar em casa, parece que vai ter um enfarto enquanto eu cheiro as pétalas vermelhas da sala sob um iminente efeito bola de neve, que não dormirei bem esta noite já se sabe ou se duvida por parte dele, culpa de meu narizinho em pé endividado com o sistema financeiro. Ouso até a retirar o cartão de crédito azul, como o nome dele, o senhor compra tudo o senhor 'Au'.

E Se uma destas flores desenhadas no encarte fossem azuis? Jamais meu cão atacaria o verde das montanhas e o gramado da sala, jamais as lavas ou pedregulhos quebrados pelo raio da sumidade seriam coladas como vasos chineses quebrados; eu retiraria das raízes da varanda os brotos, assim que ele defecasse no local. Esta habilidade é circunstancial e animalesca, assim como a arte humana e canina de cavar buracos.

Tantos são os que somos que seria impossível colocar os nomes de cada ato aqui, mesmo existindo um intermédio de organizações federais e de interrogatórios, mesmo existindo a amizade entre pedreiros e os assobios em minha direção enquanto estendo a minha roupa.

E se por vezes nos deparamos com uma psoríase craniana, não coçamos. Procuramos pentear os cabelos, numa forma de conter os óbitos diários em consequencia da linha da vida. Os piolhos fogem se não ativados.

Vejo lojas e butiques. O fato do desarmamento cosmético é assustador, mesmo para os perfumistas.

Escrever este diário é assustador. Ao menos é um alívio para a mente fazer uma nova escritura de autores mercenários ou talvez consagrados, como se estes fossem indispensáveis ao trono dos cento e vinte anos de cadeira literária.

Só o quilo do que somos já valia o rodopio das notas e dos avisos digitais sonoros; e somente o pingo e o porre seriam capazes de nos destruírem nos bares de enlatados alcoólicos que vejo nas placas, mas se o pingo pinga demasiado e o minotauro do comércio se afaga, é porque os cavalos são incapazes de quebrar um copo com seus mijos incertos que encharcam os pés inflamáveis, os indigentes secundaristas e os donos de casa estão em complô contra nós - as éguas e os publicitários.

E nem a chama mais potente do centro da terra aturdiria as fantasias deliciosas que jorram de nossas babas; e nem o pingo da nuvem principado pelos deuses estiaria nossa tempestade de letras incertas. Não somos os únicos a estatelarem os dedos pelas frontes de batalha comercial e a queimarem na porta do escritório um vestígio de cinza. Não somos os únicos a almejarem as bolsas auxílio e a quebrarem alças. Não somos os únicos necessitados, somos rainhas perdidas no tempo cercadas por alcatéias.

Não estamos no ano certo e se estamos é porque devemos o acerto do ritmo; os pássaros cantam melhores que as gralhas e nem por isso elas se deixam levar pelo uniforme negro de suas penas, assim como os gatos pretos que conquistam qualquer um, mesmo sem o guiso, é seu pelo preto que foge pelas estradas.

Estamos no século errado e há controvérsias de que estamos vivos. Mesmo de olho nos hospitais e clínicas, a área médica nunca será a mesma e saúde de hoje se conserva na lata e no giro das ampulhetas. Isso sim, uma guinada, formataria a longevidade de nossas células tronco como milagre.

Da marca só tenho mesmo meu sobrenome “Ellois”. A geração Z pensa que está no comando, e nem somos tão belos quanto seus colírios, e nem queremos ser. Parece que a guerra começa pela beleza exterior e que precisamos massacrar e dominar as frentes de nossa ânsia majoritária de engrandecer e atingir a maioridade.

Agindo feito creme escamoso recolho a merda do meu cachorro - ou feito óleo lubrificante arredado - usando sacolas não biodegradáveis e propondo um rejeição a reciclagem. E se o cão usa de orifícios para a comunicação demarcada, eu sou a tapa buracos, que, juntando a prole coliforme fecal com o meu sangue aproximo-me ao sentimento dos animais enjaulados.

Enquanto isso o vento coagula nossas montanhas e espalha nossos erros. E é com o vento que necessitamos do fluxo congruente das diversas fronteiras. Com ele, o latido do cachorro se espalha, passando do ponto principal do apartamento à galeria de uivos atacados por lobos domésticos. Sejamos então atacados por rações e indústrias veterinárias. Nossa tribo é uma só e nossa tropa nunca será vencida. De acordo com nossos pais, somos os pais do nosso país. E somos. E somamos. E sabemos do extrato e das dívidas. E dividimos nossas dúvidas em partes iguais que necessitam de guichê de informações mundanas, de modo que a ruptura de acordos causaria a quebra de valores morais. A ruptura de um casamento destruiria a fidelidade canina. Dos valores de família aos valores da carne, da ração do cachorro ao esterco; da galinha ao urubu; estamos tentando fazer as pazes; Fugimos do terreiro feito galinhas d’angolas e vamos até a igreja para morder uma pata de esperança das unhas do clero, assustando pombos.

Maquineístas, prendemos os pássaros e jamais acertaremos os ponteiros do tempo. Mesmo que a união das aves esteja em calmaria; mesmo na estabilidade das cores e no entendimento das mesclas que piam; mesmo que o furo seja rompido com alfinetes cirúrgicos e os pontos refeitos a dente e a nós. Mesmo com o molde da dentadura mordicamos o chiclete que limpa nossa arcada dentária e não o jogamos no lixo; engolimos o esperma da sociedade e das novelas e impedimos a derrota de um sistema em crise global. Erradicamos a fome de conhecimento sem a qual os livros não existiriam em papéis, e damos esmola aos mendigos, na verdade, doamos nosso dinheiro de outras épocas: os cruzados.

Empregamos o verbo e procuramos empregos, alguns mais rentáveis, outros só para adquirirem o sossego das aulas temáticas. Já outros projetam a inteligência dos reinos em xadrezes há longas décadas, e muitos outros esperam a reposta para o engarrafamento dos gases nos refrigerantes estimulados por moléculas que nos tornam dependentes da marca que cola.

Se todos somos irmãos, a briga é séria, mas nem por isso necessitamos de armas biológicas. Basta um afago, um afeto e uma atenção prévia por parte do governo e de nossa mão, de nossa mãe presidente.

As dores de cabeça cessarão quando enfim o analgésico for deixado de lado em uma vitrine, e realmente ser entendida a nossa doença, o mal social.

Os exames sim, serão preciosos, sempre, pois eles nos colocará em parâmetros. O exame nos guiará como enxames de abelhas, e deles virão o mel e a melhoria. E a respeito das misérias de cada um, proponho um debate: Que as propostas e os controles e as coleiras e as gaiolas e as prisões e as desavenças sejam banidas. E que as promessas e os projetos e os parceiros e as porteiras sejam abertas e escancaradas no momento certo. Enfim, quando o mundo estiver preparado para a guerra silenciosa do amor ao próximo, amaremos.

Neste momento estou indo comprar ossos sintéticos em um disk pet shop, senão o bicho vai aguar.


______________________________


Confiram nos 'Imputáveis' "Tempo Chiclete", clique AQUI.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Placebo Crítico

Era tarde quando os pais daquela família simples chegavam em casa, cansados do trabalho, porém sedentos de vida. Ao anoitecer a menina mais nova acabava de sair de seu quarto, pois nele guardava um segredo, segredo de menina nova. Ela ouvia o barulho do ranger de cama no quarto vizinho- e ela ,pela maior curiosidade tentadora, foi até o fim, atravessando o corredor escuro da casa. Os irmãos da criança sim, sabiam da situação e que a cama só andava a noite porque duas pessoas se amavam. Vá deitar, já está tarde, é o que dizia a irmã mais velha e ajuizada antes de fazer o bochecho noturno e ir dormir – ela, a irmã mais velha, tinha acabado de praticar sexo oral, e como a criança era sua irmã mais nova, ela – a mais velha- impedia-a de ver a cavalgada humana pela fechadura. Dessa forma salvava a inocência da caçula além de alertar sua superioridade com beliscões e solavancos, Isso são horas de criança ficar acordada? Já pra cama! Ela, a mais velha, caminhava calmamente até o banheiro para um bochecho noturno, a limpeza dentária simbiótica da jovem despudorada, o flúor como dedetizador semiótico.
O namorado da garota bem sabia que estava metido em encrenca, seguia receosa a idéia de pular pela janela e enfrentar os espinhos das roseiras da avó materna da família, que alias protegia seu quintal por meio de fios; dizia a velha que os fios afugentavam os ladrões – na verdade era a própria natureza viva que puxava os fios e o Sol se dava conta de abrir o caminho para as folhas, especialmente as amarelas. Muitos pássaros foram contemplados com casas de feno durante a criação daquele quintal, muitas aves também com tocas de aço e estas com seus ovos já nascendo com o estigma de ferro: mais duros e poderosos, daqueles ovos vermelhos mais caros de armazéns mesmo, poucos centavos que a velha adicionaria no caixa, porém boas economias.
As lagartas aprendiam a tecer a seda entre as folhas de plástico que mimetizavam o cenário fantástico no qual o garoto se encontrava- tendo em vista que, de primeira impressão, estava totalmente desnortado-, colocando no contexto as formigas lava-pés que o tinham visto como invasor – este feito foi clássico, dizia que a avó da garota se dava bem com balas e sabia dominar os bichos sem levar a famosa ferroada, daí o mundo não seria feito sem a velha sabedoria anciã, a sabedoria dos chás e vinagres, até mesmo da acetona, como parlendas, Tome isso que serás curado, e não discuta, apenas sirva-se do ungüento.
Uma vez essa senhora fez uma receita mística: primeiro tomou seu gole de café e deixou o restante pra os mortos – uma pequena borra circular ficou gravada no copo e validando o infinito de seu poder para com estes insetos, ela resolveu por em prática sua simpatia. Depois de mascar um chiclete – para tirar a carne do dente - até que o açúcar se acabe, ela fez uma bolinha do chiclete insípido e branco com suas mãos microbióticas e colocou sobre a borra de café com o fundo circular. Na segunda parte da simpatia ao invés de uma mera frustração, ela se masturbou, lembrando sempre de seu finado esposo canalha, de modo que o líquido ainda que por menor nutracência possuísse, ainda podia ser classificado como energia da alma- colheu todo o líquido em um algodão, novamente fez uma bola com as mão repletas de bichos microscópicos (micróbios) e colocou sobre a borra de café com fundo redondo; antes tinha uma última prova mística a ser cumprida. Ela tinha recolhido o sêmen de um adolescente jovem – este mesmo do texto, o garoto -, dentro de uma camisinha; dizia –se dele infértil, segundo a família do garoto, que era religiosa. E como a dona senhora trabalhava em uma clínica de fertilização in vitro e, pelo mais secreto detalhe, queria ter netos, foi tarefa fácil convencê-lo a uma bronha.
Mas para essa etapa do feitiço, foi diferente. A senhora desatou os nós da camisinha e passou nas mãos, feito creme, de modo que algumas petéqueas apareceriam durante os últimos três minutos de ensaboamento espérmico. A dona pegou o papel higiênico e limpou, esfregando o papel nas mãos rubras ate que a psoríase cessasse. Então ela imaginou que os espermatozóides mais resistentes aderiram ao seu tecido epitelial frouxo. E como a senhora limpou as mãos com um papel higiênico, a terceira parte da simpatia estava pronta. Fez uma bola, limpou as mãos e colocou sobre o copo com a borra de café redonda de modo que a tríade açucarada estava formada.
Durante alguns meses ela colocava o copo tríade em locais onde as fotos de família se encontravam e analisava os insetos: As formigas se encontravam com o objeto vítreo e resolviam subir para analisar o conteúdo com aroma de cafeína. E por obra do destino, percorriam as bolas (algodão, chiclete e papel higiênico, passando a informação às demais, por meio de suas antenas). Curioso era que elas não saíam daquele mausoléu doce, não sabiam que aquela passagem não teria volta. A experimentação tripla de objetos neutros. Por isso mesmo não afugento, nem matou as que escapavam a favor do vento. Estas formigas abdicavam o formigueiro numa busca incessante por uma nova tríade vítrea ou uma verdade absoluta, ou mesmo se tornaram viciadas em cafeína – mas, um labirinto estava formando, pois a informação jamais era passada para as outras formigas, e assim elas, minuciosas, amadureciam naquele jardim de informações. As lagartas famintas, muitas vezes sendo vítimas destes animais quitinosos e ágeis - diga- se de passagem, as formigas que informavam tríade -, eram hipnotizadas pelo mapa solar daquele jardim, por pura trama verde das folhas de plástico da senhora. As aranhas então, na cadeia alimentar, eram as costureiras, acostumadas ao trabalhar com costura e pontos nobres de entrelaçamento, pois recolhiam como reféns as formigas e as lagartas, de modo que as lagartas, não conhecedoras da tríade, deixando bem claro que uma lagarta somente reconheceria a cafeicultura se antes se alimentassem de formigas iniciadas, ao contrário disso, morriam devoradas por aranhas; e se tudo desse certo na vida destas lagartas, a tríade de insetos se formava para um bem maior, capaz de adquirir uma pterigose - pares de asas para aqueles que discordam da terra e preferem o voo.
As lagartas conhecedoras da tríade viravam belas mariposas, as aranhas ajudaram com o seu tecido, tramando a feiúra com multiolhares. As aranhas sabiam classificar bem os animais que iriam ou não alar naquele jardim em busca de outros campos menos polivinílicos e mais naturais; pois segundo suas oito patas, a sumidade de andar sobre as águas provêm das azas que ela não possui, por isso mesmo a aracnídea equilibra-se sobre a água por simples e físico peso e distribuição corporal, dotada de extrema inteligência e conhecimento secular; e mesmo assim, elas como nobres tecelãs sabiam dar azas aos animais corretos para o intento de correio de boas vindas.
E assim a mensagem ia se passando, aprovada pelos seres sábios, da forma que uma formiga descobria a tríade e uma lagarta comia o verde e uma aranha vestia, desta forma, secretamente as mariposas brancas nasciam.
Pelo menos naquele jardim pisado pelo garoto virgem, as mariposas eram brancas. Não que existissem as mariposas negras, ou que as negras fossem más. A verdade é que eles, os insetos do jardim, não sabiam da existência das outras, que passeavam por aquele bosque residencial. Verdade era que: uma mariposa completava a outra. As mariposas negras seguiam por jardins contrários e feridos, isso tudo pela indicação da mentora, a aranha – por isso mesmo as mariposas polinizavam rosas vermelhas, pelo fato de estar em constante busca pelo amor branco.
No outro jardim um senhor brincava de enlaçar fios de alta tensão com cores diferentes na sua roseira, por esse motivo, obtinha as mais variadas cores florís além de insetos mais amadurecidos- certa vez uma mariposa preta clandestina ficou vislumbrada pelo fio fita vermelho e resolveu arriscar-se; também no chuveiro do ancião o fio vermelho estava chamativo, ‘mas não encoste’ gritava sua consciência tríade, ‘o fio terra é para a terra e nunca a terra dos alados para o fio’- excetuando se os pássaros que possuem uma resistência elétrica nas patas, raros casos de óbitos aliás eram as notícias que se transmitiam pela frente das aves. Estas mariposas vedavam a arte do fio terra e não se machucavam, assim como as aves, como por exemplo: a ducha otimizada durava dias sem manutenção e o chuveiro do moço ancião só dava defeito quando uma mariposa - desconhecida da tríade - se aventurava. Estas mariposas lutavam contra a energia para não caírem sobre suas cabeças uma descarga elétrica.
O menino agora levantava do formigueiro e punha as mãos nos pés – esquecera seu chinelo e sabia da arte secular de dançar pé a pé para não ser picado. Antes tivesse álcool e tacasse fogo naquele quintal, ou menos uma seringa de querosene para adentrar o formigueiro dos insetos amareleceria as coisas. Enquanto isso era pensado, uma mariposa branca pousou sobre o seu nariz, e foi aí que ele percebeu que o vizinho teria tudo arquitetado para sua saída pela tangente. Velho sempre tem espingarda em casa. Pois ele não desistiu. Subiu em um pé de mexericas e avistou as plantas do lado mais verde. Nisso seu amor trocava de roupa. Ele teve medo, que o descobrissem naquela árvore, mas mesmo assim, roubou do jardim uma mexerica pocam e ficou observando a movimentação humana daquele lugar.
No primeiro gomo ele viu a senhora preparando o café, sentiu uma vontade enorme de descer e bater na porta, como se pra ele, entrar pela porta da frente fosse algo convidativo e menos perturbador- deixando bem claro que a senhora tinha um apreço enorme pela filha, o que, para ele poderia ser uma chance em 7 gomos. Deixou esse pensamento pra trás cuspiu três sementes e enfiou outro gomo goela a dentro.
Dessa vez ele viu pela janela a menina, sua amada, a pentear os cabelos loiros em frente ao espelho, moça faceira e atrevida, um vestido de sabe-se-lá-o-quê vermelho, desfilando se corpo escultural – ele voyerizava, mas mantinha a cautela de espião com medo da espingarda do velho ou da má palavra que possivelmente seria vociferada pela velha, ora vigiando a senhora – que agora estava no hall de entrada da casa regando narcisos – ora admirando a beleza da menina e ora protegendo a sua retaguarda; no meio desse transe ele deixou 3 gomos de mexericas caírem no chão.
Uma formiga perdida encontrou um dos gomos, e com uma força sansônica levantou e começou a caminhar com o gomo pelo jardim. A estratégia da formiga era a de oferecer tamanha grandeza laranjada à tríade, que agora dominava seus estímulos de formiga. O outro gomo caiu numa folha do pé de mexerica mesmo; a folha equilibrava o gomo, enquanto isso uma lagarta avistou aquela folha e resolveu comê-la, fazendo o gomo cair justamente em cima da formiga que procurava pela tríade. O assassinato da formiga messiânica fez com que todo o formigueiro se mobilizasse pra descobrir o tal assassino. No caso, a vítima, que já estava morta, nada tinha com a prisão da lagarta, a matadora, que estava acabando de ser presa. A lagarta já estava fazendo seu casulo, autoprisão fisiológica no tempo certo. O último gomo caiu sobre uma teia de aranha, e como o bicho de oito patas era esperto, não custou a envelopar sua teia ao redor do gomo, estava ela também a espera da tríade – e para ela tinha um tesouro; quem sabe se a tríade aparecesse, o gomo se libertava – a dona aranha pensava; mas ao invés disso, formigas se aproximavam cada vez mais de suas teias, e foram sendo aprisionadas, até certo ponto. Pois um turbilhão de formigas calhou na teia a procura do assassino, e a aranha, com medo, saiu e foi fazer outra teia em outro jardim, que não aquele, talvez o do velho ancião que morava ao lado.
Já era noite, na verdade madrugada, e o menino descia da árvore. Com a ajuda de uma trepadeira subiu até a janela de sua garota. Ofereceu-lhe um gomo de mexerica, no qual ela aceitou. O outro e último gomo o menino colocou na boca. Não se agüentaram e deram o beijo mais delicioso que já deram. Ambos virgens, se amando ‘e creio que para sempre’ foi o último comentário que tiveram duas mariposas em voo noturno, antes de morrerem eletrocutadas por um sistema anti inseto.
________________________________________________________
Confiram nos Imputáveis '11 de setembro de 2011' clique AQUI.

domingo, 4 de setembro de 2011

Causa Mortis

Às treze horas
Uma das três Marias
Paria a sorte

____________________________
Confiram nos Imputáveis "Más Rias" Clique AQUI