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domingo, 14 de agosto de 2011

Manutenção Preventiva

Digito com força
e a letra não sai mais preta
Digito com mais força
Penso em itálico
Em hebraico
Simbologicamente, claro
Também não penso
No amanhã
Se ele não chega é porque está atrasado
Lógico
Sempre odiei o tempo
Digito com mais força
Pra ver se algo muda
Uma tecla afundou
***
Chama
Preciso de fogo
Gasolina pro carro
Também preciso de
Grana
Urgentemente
Porque estou doente
Sem amor
Realmente estou doente
Eu não vivo
Sem calor
E ar condicionado
***
Não,
Quero apenas
Uma máquina de escrever
Pode ser um notebook
Um mp4
Não,
Porque estão fazendo isso comigo?
Essa cela é sem sentido
Não matei ninguém
E não sou bandido
Febem
Não,
passei da idade
Guilhotina
Ah, seria bom
A morte lenta?
Eu mereço?
desconheço qualquer juiz
Me ajuda?
***
Amarrado na cama
Impedido de sair
E necessitado
De calmante
Grito
Médicos
Na verdade enfermeiros aparecem
Não me movo
'Veia fácil'
'Boa noite.'
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domingo, 7 de agosto de 2011

Domingo

Primeiro dia
Dia de São Domingo
A Áustria adora os domingos
Assim como toda a sociedade asteca o sol
Mecenas que são
Itinerante Aquiles
Intercessor dos humanos
Faça valer a pena
Este dia medíocre
Da TV ligada
Às vídeo-cassetadas
Faça valer o pão
E a torradeira Tramontina
Surrucupiada pela vizinha
Quando enfim morávamos
No interior de minas
Cidade pequena
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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Ouro de Tolo

Eu vejo um céu iluminado pelo sol
E nuvens brancas num palito de algodão
Eu vejo como a lanchonete Vidigal
Esta fazendo o sucesso no Leblon
Eu vejo o amor e a amizade que renasce na desculpa do casal
Eu vejo a nossa mocidade aprendendo a se distanciar do mal

Eu vejo mil e uma formas de olhares
Que esperam se cruzarem dois a dois
Eu vejo o mapa que indica todos os lugares
Eu vejo o feio, o belo, o antes e o depois
Eu vejo todos os eleitos que prometem no horário eleitoral

Eu vejo a felicidade estampada na comédia nacional

O que vejo pode ser possível

O que vejo pode ser normal

O que vejo pode ser incrível

Pode ser habitual


Eu vejo o mar

E agradeço pelo vento que esfria os cabelos da mulher

Eu vejo o dia

Amanhecendo com o tempo

E a velhice só chegando pra quem quer


E quando acaba eu vejo todo o processo do início até o fim

E quando acaba eu constato que o que enxergo

Não é tudo o que vi

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