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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Uma amizade inesperada

Era a primeira vez que tomava aquele caminho. Como era a primeira vez, minha mente estava destinada a perceber pequenos detalhes - que só quem cruza um caminho pela primeira vez perceberia.

Sentia uma formiga subindo pela ponta do dedão do pé esquerdo e me perguntava por que raios um inseto que vive em comunidade andaria solitário por vales desconhecidos. Formiga depressiva caminhando sozinha por entre os pêlos de minha perna, eu sentia a sua solidão. Eu sentia e achava engraçado. A estranheza de ser ponte não era massiva, no entanto ela se alojava dentro de mim sempre quando as patas do inseto se movimentavam. Talvez eu seja o último caminho a ser percorrido por aquele ser, talvez eu seja o último. Aquilo era mesmo um pensamento estranho, tão estranho como anunciar a morte ou despedir-se.
Imaginei pequenos dedos tocando meus dedos à espera de um beliscão que me acordasse daquele transe; por isso mesmo aceitei a formiga, enquanto caminhava pela rua a procura de algo.
Olhei o céu e compreendi que as luzes bruxuleavam e o tempo passava — É noite... hora das andorinhas dormirem - , disse um de meus self’s — E dos morcegos fazerem a festa - completou outro. Tirei os chinelos para que o casco do pé sentisse o chão cheio de britas e cacos de vidro. A cidade apagada e eu ali desperto, moendo e sovando o que alguns chamariam de tédio. Imaginei um boneco ou um homem ensaiando um monólogo ou escrevendo um auto — Talvez você seja a única a me fazer companhia hoje – disse para a formiga, que agora se encontrava quase alcançando o meu peito. Esperei a amizade cansar. A ferroada exposta serviu de aviso pra terminar tudo.
Era uma vez uma amiga...

14 comentários:

Ira Buscacio disse...

Meu lindo, vc é sensacional!Essas amizades são perigosas, sempre acabamos com uma ferruada no peito.
Amo, amo e amo, essas suas sacadas.
Um fds mega bacana, bjão

FOXX disse...

odeio esses amigos falsos
hauahauhaua

Daíse Lima disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Daíse Lima disse...

Adorei o teu jeito de escrever!!!
Meus parabéns!!!!
Bjo!

dand disse...

Engraçado que comigo, osbichos que tentamfazer amizade são sempre mais asquerosos...é uma aranha grande gorda e marrom de de quando em vez tá dentroda minha bolsa...ouuma cobra que de vez emquando tá em cima da minha cama lá em Minas...uma lagartixa que cai em cima de mim, ou uma lacraia que passa pelos meus cabelos lindos e loiros e cheirosos enquanto eu durmo lindamente...por que será? ai ai...

Abraços

Dand^^

s a u l o t a v e i r a disse...

Amizade é com um dos self's ou com o outro. Sempre pode haver uma ferroada. Como lidar com essa amiga? Por vezes, encaramos como ferroada a verdade que rechaçamos, apontada por um amigo.

Abração.

Ps.: o novo layout tá lindo. Gostei muito.

Wanderley Elian Lima disse...

Aplausos, aplausos, aplausos. Amei.
Bjão

Hugo de Oliveira disse...

Ótimo texto. Já me decepcionei muito com pessoas ditas meus amigos...hoje, prefiro me envolver com os amigos virtuais.

abraços
de luz e paz

Rafael Sperling disse...

Athila, vai ter material inédito, mas a maior parte dos textos vai ser de cosias que postei em meus blogs. De qualquer forma os textos não vão estar iguais nos blogs, vão passar por modificações e revisões.
Abraço

Felipe. disse...

Oi, Athila, tudo bem?
Vivendo e aprendendo, não é mesmo?
Abraço.

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

belíssimo!

Odeio estes amigos falsos... [2]

bjux

-;)

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

ops! o novo lay out ficou supimpa ...

;-)

Anônimo disse...

Saulo leu pra mim há alguns dias este texto e ele me atingiu no peito.

Unknown disse...

Era uma vez uma formiga... A solidão era tratada com respeito.
Abraços.
Texto bom demais!