terça-feira, 29 de novembro de 2011
Encontro às escuras
Todos procuravam pela felicidade nas esquinas emporcalhadas e imploravam somente por qualquer amizade interesseira que arranjasse surpresas escandalosas entre quatro paredes. Estava cansado de tentar aprontar qualquer injeção e derramamento de sangue novo, de não contrair as doenças humanas mais populares. Vlad era imune nesse quesito - mesmo este sendo necessário para a perpetuação da raça humana - esta fagulha não mais o atormentava há séculos. Por fim, de uma distância considerável, se aproximava um vulto. Seus olhos compridos miravam cintilantes em direção ao que seria sua nova amizade ou até mesmo o personagem que agravaria sua saciedade. Cumplicidade selvagem, com folhas secas e nenhuma fagulha, um momento que soou praticamente intacto e imperfeito, feito da gotícula do orvalho uma fervura que se esvai pelo céu, aplicando a finalização combustiva dos encontros, dissipando cada passo como diesel daquela linha desportiva, aventureira e que necessitava de alerta. O que na mente do monstro – ora posto como Vlad - se passava era a língua a experimentar o corpo feito provadora que degusta a última ceia. Vlad não iria querer acender a luz que emana de sua ausente aura só pra poder mostrar às inquietudes divinas sua fúria estridente, estas que pra Vlad, meu caro leitor, são tão banais e ilegítimas, tendo em vista que dele aproveitou-se o tempo, se esta sombra se aproximasse ele não possuiria mais discernimento entre o bem o e mal no instinto de sua linhagem.
Tão ilegítimas como sangue coagulado eram suas ideias, seus valores impecáveis aflorando para o personagem que de passo em passo assinalava um encontro – retirando-lhe de completo as evidências de um crime, a nuvem negra supracitada podia ter ou não dentes afiados, um corpo fechado a um desafio e até mesmo um nome. Desembargada e destituída de medo ela se aproximava – pelo visto causaria um entorne verborrágico, talvez se aquela boca cumprimentasse decentemente seu adversário seria trágico. O crime do beijo da morte é o crime da morte em si. A morte de um não assassino, mas o homicídio registrado e mal interpretado pelos homens. Ocorreu o que não se esperava, Vlad estava cara a cara com outro de sua espécie.
Em princípio não quiseram os olhares. Vlad agia errante e procurou pela primeira inscrição à sua vista. “Precisam-se de doutores do coração” era o que aquelas pupilas vermelhas conseguiam ler no letreiro de um poste, voou inescrupulosamente pelos arredores da cidade e não encontrou abrigo, então retornou. Tinha de pensar muito antes de agir. Em meio à floresta, para os homens de boa fé que amam os pássaros e as variedades do ambiente clímax, para os leões que amam as carnes macias e para os morcegos as frutas podres. Um manguezal enfeitado com capivaras não decai sob o efeito da neve intrusa que causou tal descoberta, como se tivesse como congelar seu corpo já frio - e a falta de problema era a solução para ambos. A neve tão rara no mês de novembro era vermelha e agradável. Advinha das maças dos rostos que hora envergonhados se chocavam contra os dentes de ambos, tão inverossímil que tudo o que calhava em um manguezal fazia parte de alguma histeria. Os dois feito mosquitos sequer sugavam sangue, atormentados os bulidos, vencendo os limites de um passo já delimitado pela morte.
Ele abandonava qualquer esfriamento, em pleno tropicalismo das falácias curativas daquele programa de desintoxicação que se passava boca a boca; entre seus conselheiros, animava-se às melhoras dos amigos internos que voltavam a si dos desmaios de loucura e se retornassem ao que eram antes daquele toque iriam pastar noutros campos, literalmente.
Sem incomodar ou dar-se conta do perímetro em que se encontrava, Vlad adentrava a floresta do pensamento com um canivete na boca, uma arma carregada no bolso e o cantil que sempre despojava, ora com água, ora com teores alcoólicos, proibidos pela instituição que se apoderava de suas características, proclamadores estes, também como vinho seco, já em bolsa térmica como corpo quente. E se dele houver a sobrevida, a graça se apoderará – todo o possível ‘vinho’ dependia da noite e da presença ou falta de uma mulher carnuda e venulosa – aquelas que falavam sozinhas faziam falta, mesmo que aquele beijo vanguardista ajudasse a sair pelas cercas farpadas as detestáveis matracas.
Prostrou- se ao seu destino, e de dentro das folhagens procurava extrair a essência e o verde que atordoava sua pele. Vlad roçava e deixava sua coceira ser mais natural possível. Punha-se a experimentar o produto do outro, feito repelente, que desaparecia o ardor – ou deveria sucumbir àquela urticária – um cobaia de lábio, antes fosse esta a classificação esperada por ambos -, perpassava da bolsa à barraca recém-montada nas colinas. E até quando a noite se ajeitou para os testes finais e de forma inesperada as mulheres apareceram às pencas, pois sentiam a fragrância estranha do amor pela morte. Fizeram a festa não como um massacre, mas sim como o que era esperado pelas donzelas, um amor que transpassasse a barreira da vida. Despertaram sem nenhuma picada, em um acampamento para dois. Fazia um dia frio e nebuloso, saíram para outra aldeia antes que os jornais aparecessem e relatassem o que sobrava de uma boa notícia.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Verdades sobre o Picles
Picles emagrece; picles com molho shoyo , picles cru. Mais de um milhão de picles para os pratos dos brasileiros, feito auxílio na merenda escolar. Mistos-quentes de picles recheados com vento. Picles é fibra, por isso mesmo seu recheio é líquido e flui como rastros de lesmas. Um picles para matar a sede desértica dos homens faraônicos.
Na cidade onde só se viam os “legumistas” vendendo suas poções verdes mágicas, era notável a venda de picles, ó internacional alquimia. Entre tantas qualidades de hortaliças, o picles gritava na feira para ser devorado e adquirido a toneladas após degustação. Na lancheira dos estudantes uma maçã e suco de laranja com picles. Assim como a esfinge, os picles queriam ser decifrados. Não se sabe o porquê do divórcio com as alfaces e a preferência pela monogamia destas leguminosas - um prato só com picles é de bom tamanho. Nem mesmo os testes laboratoriais mais eficientes souberam dizer o motivo dos picles serem tão importantes, salvo o baixo número de calorias e o teor vitamínico e mineral.
O molho shoyo não foi tão eficaz quando na solidão de seus sais. O líquido negro misturava-se com as leguminosas menos badaladas, fato é que necessitava de acompanhamento e tampouco servia de aperitivo para os vegetarianos mais esquerdistas. O molho shoyo necessita somente daquilo mais importante ; necessitava de picles, mas o caso era que o picles não necessita do molho shoyo. É complicado entender que o mundo apresenta essas formas de interdependências. Eu venho com meu molho salgado e você vem com sua leguminosa balsâmica. O mundo foi feito num prato cataclísmico onde estes continham dentre todas as coisas picles frescos. Na maioria das vezes, quando não se cuidava do jardim, alguns picles morriam desidratados, por isso mesmo se diz: Se alimentem de picles e sejam felizes ao regar o jardim; no mais, lutem a favor do transito intestinal que estes lhe proporcionam. E queiram bem o vaso sanitário, pois só picles salva.
Eu não quero fazer apologia aos vegetais, mas picles são criminosos na questão das saladas mistas. Vivem juntos aos seus parceiros e não abrem mão de um vinagrete qualquer. Mesmo assim saíram da prisão com as fianças dos chefes de cozinha e o apoio do ministério da agricultura. Mais uma de suas virtudes: Os picles roubam suas gorduras e ninguém mais sabe de nada. Onde as benditas se esconderam no seu corpo, sem resposta para os ignorantes.
São como esponjas, é o que dizem, e vieram de longe feito banda de rock para tomar conta dos pratos dos naturalistas. E, em meio às notícias fantásticas, encontraram um poeira cósmica feita da mais importante semente de picles, enfim uma raridade datada pelo espaço gastronômico. Todo picles sabe dominar sozinho a demanda de uma cozinha/restaurante e fica bem na mesa de qualquer classe social. As carnes têm inveja dos picles, pois quando elas são resfriadas perdem muito de suas fibras e ficam feito manequins no refrigerador esperando na última estação serem devoradas nos pratos, enquanto estes são servidos frescos e na hora. Os repolhos invejosos são apaixonados pelas bainhas rodadas dos picles, estes porque não causam tanta flatulência quando dissecados. Todo picles procura por sua salada, mesmo no prato dos egoístas dietéticos. A salada comum acompanha tomate, alface e cebolinha, já o picles não faz parte dessa leva, ou quando se faz é abstraído e trocada por um esquizótipo, como a couve-flor.
Marilene estava seguindo ordens da patroa; esta que pedia naquela noite uma salada de picles; mas como achar importante leguminosa ainda fresca no supermercado? Era necessário tomar medidas drásticas. Ir até a casa da irmã curandeira, aquela que possuía um jardim completo de ervas e afins. O molho de picles saiu barato, em troca de erva cidreira e figo. Marilene sorriu, pegou a caneta e começou a anotar as receitas da irmã. "Eles bem picadinhos ficam ótimos como acompanhante de salada, não deixe o picles agir sozinho em uma apresentação, pois ele não tem qualidades pra ficar como protagonista”. Todo picles mal resolvido espera por um massacre estomacal, onde só os gordinhos têm a ciência de seus poderes; mas, geralmente, são estes que os abraçam nos famosos acompanhamentos.
Marilene estava prestes a cortar os talos quando foi interrompida pela patroa; ela queria que colocasse os tomates maduros de sua horta a venda. A patroa queria aprimorar e conciliar os menus, já que suas vendas estavam declinando. Então ela pegou o picles mais parcelado e curtido, e tratou com um bom banho de vinagre. O picles relaxou e descansou, até ser beliscado no provatório e comido na mesa 23 daquele estabelecimento. Gerou uma conta de 56 reais, e foi servido como acompanhamento para o hambúrguer. Os picles foram devorados com fritas e valiam aproximadamente 3 reais a porção. Vida longa ao picles no prato dos naturalistas!Vida longa!
domingo, 6 de novembro de 2011
Hora do recreio
Filho,há quanto tempo está a olhar essa senhora; Há pouco, respondeu o garoto; Não acha que devias desviar os olhares e fixar nas crianças; Não, acho que deveria procurar conversa com outro; Acho que deveria ir brincar, olha, já é recreio e a professora substituta está a arrumar a gincana; Não acho que sair dessa árvore e aprender com as estagiárias seja vantajoso nessas circunstâncias, o sol está queimando e eu prefiro estar na sombra, olhar aquela senhora naquela cadeira e nada mais; Isso seria melhor do que se comportar como um patife; Exatamente, e assim me comporto feito um bobo, pois na hora da chamada quem irá responder pelas faltas sou eu e não a senhora - ralhou; Então achas mesmo que deveria se privar de ser um garoto normal e ir brincar de pique com os demais; Não deveria, mas acho que os demais não me querem no recreio e nem em suas rodas de jogos, receio que será assim para sempre, até o fim do semestre; Mas por que – incita a professora-; Porque nenhum deles é capaz de enxergar o mundo como eu enxergo, vê, alguns deles jogando queimado e sendo felizes, mas sabem que na hora da merenda o arroz está em falta, por isso poupo minha virtude e não caçôo de nenhum aluno; Mas existem tantas meninas que deveriam ser aproveitadas pela sua nobre beleza e a merenda está a melhorar a cada dia; Meninas estas que só apontam os dedos esmaltados para os meninos esbeltos e, me desculpe professora, nunca fui e nunca serei esbelto da maneira como elas pintam, algumas já até adultas possuem esse erro demarcado e intransferível, e não quero discutir leis darwinistas enquanto a senhora usa de toda a sua psicologia pra me tirar dessa árvore, apenas deixe meu corpinho quieto enquanto os 30 minutos de tolerância acabam; Dizem que você é um dos piores alunos; E sou, porque não me ensinam a viver nesta instituição,como deveriam; Então aprenda nos livros; É o que estou fazendo, mas os livros apresentam carência e eu fomento esta carência nessa árvore que nem os frutos pode me proporcionar, somente a sua sombra. E é o que sou. Uma sombra para o retrato da turma de final de período, e não espero mais do que o abraço de meus pais e as felicitações de fim de ano, esses meninos lindos que passam a jogar bola serão os mais felizes enquanto eu me declino e talvez passe a ficar em casa por muito mais tempo que o aconselhável. Mas me disseram que és um bom matemático e que irá se safar das provas finais; Sou um bom estatístico e sei das minhas faltas, também sei de minhas qualidades e que destas , durante o recreio, não se manifestam; Mas é atípico da sua parte ser tão solitário, vejo que eras um bom companheiro e que tinhas companhia durante todo o período; Não sou solitário, apenas aceitei minha situação tal qual deus designou para mim, e meus companheiros se dissiparam, procurando por suas batalhas, todos líderes aliás; Então tens qualidades de liderança; Não sei, só sei que quando vejo os garotos enfileirados para me empurrarem no término do folguedo e quando me impedem a pronunciar meus pensamentos, sei de tudo, mas prefiro por enquanto guardar meus segredos enquanto eles se divertem e eu preso nesse sistema educacional não posso me alforriar das amarras documentais e vigilantes desta instituição; Então és um pequeno artista, esperando a fase infanto-juvenil ser dissipada; Não, sou como este casulo no cume da árvore, consegue ver; Sim , perfeitamente... Então o que espera é o desligamento de suas origens; Espero o desabrochar de uma nova consciência em que todos me tratem como igual; Mas você mesmo se difere dos outros; Ouça, eu sou diferente e já tenho essa noção, desde sempre, mas não é um sistema como esse que irá me adaptar , minhas acomodações são mais primitivas; Ninguém é igual a ninguém e se são primitivas por que espera muito em troca destes fedelhos; – argumentou a professora em busca de um apoio - Porque eu ainda acredito no mundo e na mudança das estações, e enquanto ele gira, dessa árvore sem frutos me acalento, e aquela senhora solitária busca o mesmo que eu, por isso me identifico com ela, que da mesma forma teve os anos corrompidos pelo tempo e as amizades conchavadas; Mas você quer ser como ela ou acreditaria que somente no nascimento de um novo sentimento ressurgiria a tão sonhada paz interior; Quero ser como ela, mas só que diferente, quero desabrochar do cume dessa árvore infrutífera e vociferar ao estado o tamanho do meu desânimo, pois eu sei que existem outros tal como eu, como aquele menino ali por exemplo, na soleira, esperando a mãe depois de levar uma surra dos coleguinhas, ele é um de mim que por hoje não conseguiu a liberdade de escolha mas sim a segurança paterna, ele estará com os pais ou a empregada bem antes do sinal tocar, o que é um alívio; E você assistiu a tudo de camarote, por que não ajudou seu amigo; Porque estou em desvantagem e é sobre isso o que eu estou tentando lhe explicar, estamos agindo sozinhos, enquanto o mundo não parar para refletir o degrau em que estamos, e eu continuo naquele cume daquela árvore professora, esperando os segundos passarem lamentavelmente; BANG! Já está na hora de voltar para a sala; Primeiro a senhora; Vou entrar junto com você, pois acredito na sua mudança, mas só quando sua nota melhorar; Ah, isso só quando o tempo me bastar e essa tempestade passar.
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sábado, 29 de outubro de 2011
O último parágrafo
Havia uma estrada no deserto, e nela foi posta a decisão de ser seguida à risca sem interrupção. Necessariamente para tudo existe uma estrada. Se esta está bloqueada ou em obras é fatídico dizer que só o tempo teria posse dos tijolos para uma reforma construtiva. Se esta estagnou ou uma grande cratera se abriu é porque de dentro dela não se pode atirar, declinar ou tapar buracos. Aprofundar cada vez mais para o centro da terra é ir direto a caixa de pandora ou até mesmo ao eterno caixão. É temeroso, é incerto, e esta falta de obrigação e curiosidade lhe implica um erro: a culpa.
Seus tiques se tornam cada vez mais tortuosos e sua chamada já não é contínua, você defasou, você contribuiu para a morte de centenas de pessoas quando atirou a palavra nula ao vento, você silenciou estes versos que agora são um presságio.
Dito isto e implicitamente ofendido eu fico a mercê da inquietude de sua alma não levantada ou primariamente sucumbida ao inferno. Não que o inferno seja aqui nesta terra – e se realmente é, graças a Deus, iremos passar por isto junto, ao relento–. O presente de cada dia está lacrado e corrompido pelo desejo de ser ‘o dia final’ fatal para a raça humana. Sabiamente você desgastou esta pedra mimosa, mas não a moldou como deveria. Você apenas arranhou mais um disco que está em extinção. Palmas pra você que agora está mudando o mundo; palmas pra platéia que agora está em silêncio escutando somente a sua voz enfraquecida e com baixa frequencia.
LEVANTE, seu energúmeno. É isto o que a platéia mais espera de você: o seu ato mais louco, o seu melhor rabisco ou pelo menos a caligrafia redonda sem erros de concordância.
Seriamos escolhidos para um novo tempo se este ajudasse a trabalhar os defeitos da alma e da ignorância. Inquietude e solidão andam juntas e o amor jamais é conquistado sem as pedras pelo caminho, que é deserto. E você pra isto tudo? Nada, nem um oásis sináptico. E eu que só descrevo e prefiro ficar na estatística, mais um texto pra ficar datado in loco. Deixe sua estatística e sua matemática financeira de lado, vamos gastar o verbo e alimentar esse mundo suburbano podre. Temos litros de lama para serem arremessados nas varandas dos intelectos, temos a placa mãe e até ela ser reconfigurada tem-se a conexão das classes de amigos e as amizades cibernéticas.
Mesmo que desta vez seja eu a parte embaraçada não é engraçado e nem um pouco hilária essa fase ociosa e melancólica. Nunca fui engraçado, nunca pedi licença pra entrar nesta sociedade poética e nunca dei baixa em nossos produtos supremos. Não sou caixa, mas fecho as contas e percebo que desta maneira tudo o que indica é o final de uma dívida interna, interiorana e egoísta suprimida por nossas ganâncias.
Como somos fracos, como nos ajuntamos em grupos pra sermos uma unidade, e isto se aplica diretamente feito vacina para todo o mundo.
Mesmo que eu, neste momento, deitasse, fechasse os olhos e fosse dormir; dormir é ficar parado e isto emplacaria do ócio ao osso. O osso que foi construído no feto foi feito para o músculo, o trabalho de inventar um movimento ginástico e ser aplaudido pelo acorde perfeito foi feito para o técnico. Digo mais uma vez que não quero ser julgado, nem defendido, muito menos quero algum comentário calunioso sobre meu pensamento.
Só sei que não se faz o pão sem a farinha e o fermento, só sei que aprendi a escrever na escola; e a ralhar mesmo aprendi com a vida que sempre será justa para poucos aventureiros – aqueles que chegaram até o escuro e conseguiram ligar o interruptor do medo. O medo está sob vigia, guardando sua prosperidade. Você com medo não é nada, não vale nada, nem mesmo este texto valeria de algo se nele há o medo.
Chegue mais perto da escuridão, desça as escadas sem corrimão, toque a caveira interna e lute contra as pragas de Deus, não tenha medo, não, nada está em julgamento sem um advogado de estado de espírito elevado. Sinta o prazer de ser a chacota da semana e preste atenção nas imundícies das carnes alheias. Só não rejeite estar neste inferno, pois ele será sua passagem para o êxtase, quando na felicidade eterna uma alma se apodera de glória, ou duas almas se encontram em perfeita sinergia. Estas sim são aclamadas com o anel do esforço em grupo.
Banalize o que é verdadeiro e tente tirar algum proveito de sua miséria, se encharque de suores e trabalhe para o trabalho com a força de um nobre operário. Não se opera milagre com os velhos tempos. O passado foi passado prá trás. O novo agora é sublime e difícil de ser explicado. O choque entre os planetas de seus xacras e o turbilhão de informações não regulamentadas são preciosos, mais preciosos e privados, mesmo sendo criados pelo lixo eletrônico, não deixem que as palavras sejam marcadas e retiradas pelos mais potentes antiquários. Estes lutam pela etiqueta enquanto os vícios se apoderam do orgulho normativo de suas letras.
No mais, este é somente o último parágrafo.
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sábado, 15 de outubro de 2011
Risco Sanitário
sábado, 8 de outubro de 2011
A Fome
Bom, essa música é antiga, mas resolvi postar hoje. Espero que gostem!
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A Fome
A fome que mata a fome
Aquilo que a gente come
E basta, engasga o corpo
A fome que embala o berço
A fome que move o terço
E afasta o mal do homem
A fome primata
A fome que causa dor
A fome ingrata
A fome de bem senhor
A fome de apetite
Até que o estômago apite
E acabe o cigarro, o maço
A fome prima da morte
Que quando nos falta sorte
Você como alimento
A fome é parceira
Da casta gente de grana
A fome é primeira
Na casca subsaariana
A fome de sentimento
Do livre conhecimento
Por onde atravessa a ponte
A fome dor humanóide
Que vez se vê no tablóide
Causando temor aos montes
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quinta-feira, 29 de setembro de 2011
Geração baba de animais
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Placebo Crítico
domingo, 4 de setembro de 2011
Causa Mortis
domingo, 14 de agosto de 2011
Manutenção Preventiva
domingo, 7 de agosto de 2011
Domingo
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Ouro de Tolo
Eu vejo um céu iluminado pelo sol
E nuvens brancas num palito de algodão
Eu vejo como a lanchonete Vidigal
Esta fazendo o sucesso no Leblon
Eu vejo o amor e a amizade que renasce na desculpa do casal
Eu vejo a nossa mocidade aprendendo a se distanciar do mal
Eu vejo mil e uma formas de olhares
Que esperam se cruzarem dois a dois
Eu vejo o mapa que indica todos os lugares
Eu vejo o feio, o belo, o antes e o depois
Eu vejo todos os eleitos que prometem no horário eleitoral
Eu vejo a felicidade estampada na comédia nacional
O que vejo pode ser possível
O que vejo pode ser normal
O que vejo pode ser incrível
Pode ser habitual
Eu vejo o mar
E agradeço pelo vento que esfria os cabelos da mulher
Eu vejo o dia
Amanhecendo com o tempo
E a velhice só chegando pra quem quer
E quando acaba eu vejo todo o processo do início até o fim
E quando acaba eu constato que o que enxergo
Não é tudo o que vi
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terça-feira, 26 de julho de 2011
Rompante
Muitos de vocês já se imaginaram em um palco minutos antes de se apresentarem. Os que ainda não tiveram essa oportunidade que me perdoe de coração, mas esperar pela arte é como ouvir sermão de parente distante.
Cada degrau um nível, cada tombo um levante, cada revolta um rompante.
sábado, 23 de julho de 2011
Piada Batida ou o que não foi dito durante a anedota
domingo, 10 de julho de 2011
Nasce Os Imputáveis
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Polução noturna
segunda-feira, 4 de julho de 2011
Violação de Privacidade
(Textos Grotescos)
O seu sorriso era mais que perfeito, entre todos os quadradinhos que se apresentavam na tela você sorria mais. E foi por isso que eu te escolhi. Foi porque você era linda e sempre estava lá, verdinha, disponível para mim.
Enquanto acariciava a tela do computador, João estava indignado com a presença cibernética de seus amigos que o fitavam pelo webcam. Um deles chegou até a enviar uma mensagem de apelo - VÊ SE OLHA PRA TRÁS – enquanto assistia a vídeos eróticos em sites adultos.
De repente João estava com uma sacola de supermercado enfiada na cabeça. Uma mão peluda a cravar-lhe o pescoço, enquanto ele esbaforia e gritava desesperadamente.
Como tentativa de sobrevivência João prendeu a respiração, tentou morder a sacola em busca de uma entrada de ar e desferiu uma série de cotoveladas errantes no intruso.
Na terceira cotovelada frente-costa, João conseguiu acertar os bagos do rapaz.
Quando João retesou, pode constatar que o maldito metediço era um conhecido seu, o amigo André.
André gritava de dor, ajoelhado no chão, enquanto João colocava-se em posição de abate.
’calma... João, eu estava só brincando’. Tentava se explicar André.
João enrijeceu o sexo e desceu as calças de André. João enfiava-lhe toda a vara até os bagos alcançarem os glúteos. E vociferava: ‘Era esse tipo de brincadeira que lhe ensinavam na creche? Da próxima vez avise quando for tentar me matar’.
André gemia de dor.
‘Você é mesmo uma mocinha’. Sussurrou João, enquanto se levantava e limpava a bosta presente em sua jeba num lençol.
‘ Sou mesmo. A propósito, sua casa está um lixo, quando é que vai arrumar essa bagunça?’
’Quando você parar de vir aqui. ’ Disse João ríspido.
‘Vai sair com Verônica hoje?’- perguntou André, enquanto averiguava se ainda tinha cú.
‘Não sei cara, não to meio preparado pra aturar a falação daquela moça, não. Cara... Diz aí: por que mulher fala tanto?’
‘Mulher fala muito porque não sabe esperar a hora certa de falar... Tem a hora certa de falar e mulher não sabe disso... ’
‘Não sei cara, esse assunto é muito complexo. Eu só sei que tem cerveja na geladeira e bagulho no armário da pia, sirva-se’. Completou João, enquanto acendia seu cigarro.
‘Sabe amigo, pra mim essa Verônica tá te fazendo de otário, abre teu olho João. ’
’Já abri o teu hoje ...– brincou João – Cara, eu só estou esperando ela ficar online... Ela é o meu sorrisinho perfeito... Meu quadradinho verde..., Cantava João o sucesso da época.
‘ Seu quadradinho uma ova. Ela é do mundo! Você tá muito apaixonado cara, mulher não gosta dessa manifestação calorosa toda, não... ’, disse André, enquanto enrolava o baseado e umedecia as pontas do papel com a língua; ‘... E outra... ela sabe que está podendo e é gostosa. Mulher assim gosta de ser desafiada, fique dois meses sem falar com ela e depois meta lhe uma surra de pica’, sentenciou.
‘É. Você tá certo cara, acende esse bagulho aí e deita aqui comigo. Vou ficar em casa hoje, ela que me procure’.
E João se deitou com André como de costume. A janela aberta e uma leve brisa de vento a tocar suas peles nuas. Janela esta violada pelo vento, pelas palavras e ações que nunca foram registradas.
Janela esta aberta para a violação.
A violação é assim mesmo; é como o suor frio de quando estamos sob um consentimento de poder descobrir o presente jurisprudente violado.
A violação é quando menos se espera e se é violado. Ser violado é ser descoberto, destrinchado, inserido em uma nova situação.
Ser violado é ser aberto.
Enquanto João e André fodiam na cama das mais variadas formas e vontades, Verônica, a verdinha de sorriso único, acabava de mandar uma mensagem privada no computador de João:
‘Oi. ’.
João não respondeu, sequer ouviu o barulho da chamada ou sentiu a vibração do aparelho. João estava ocupado.
João estava vermelho; violando um amigo.